A língua desempenha um papel significativo na atual crise migratória. Muitas vezes, é com base numa avaliação linguística das línguas maternas dos refugiados que o estatuto de refugiado é concedido (ou não). No topo das preocupações das sociedades de acolhimento encontra-se o desafio de ensinar a língua de acolhimento a adultos e crianças provenientes de diferentes origens culturais e de uma multiplicidade de línguas de origem. Esta questão agrava-se frequentemente pela preocupação de muitos políticos e de uma parte das sociedades de acolhimento de que as línguas maternas dos refugiados possam ter um impacto negativo no país de acolhimento, transformando a língua de acolhimento e criando novas paisagens multilingues, nem sempre bem aceites. Uma questão largamente ignorada, ou propositadamente banida das discussões públicas, prende-se com a importância da manutenção das línguas de origem dos migrantes, particularmente, no caso de crianças migrantes, a população mais vulnerável à perda da língua materna.
Este painel visa direcionar o enfoque para as línguas maternas de refugiados e migrantes e debater 1) as consequências linguísticas da perda de contacto com a primeira língua, 2) a implicação cultural e emocional desse processo de perda da primeira língua e 3) as vantagens cognitivas, linguísticas e académicas da manutenção da primeira língua.
Aceitam-se resumos sobre: aspetos de erosão linguística da primeira língua; aspetos sociolinguísticos da manutenção da primeira língua; benefícios sociais e cognitivos do bilinguismo; questões académicas e pedagógicas sobre ambientes escolares multilingues que valorizam as línguas de origem das crianças.
Org.: Cristina Flores (EHum2M / LTE)