
Olá, o meu nome é Jennifer Passos Teixeira e desde junho do ano passado sou investigadora no INL no grupo de Nanofabricação para aplicações optoelectrónicas, o NOA. O meu trabalho é focado no desenvolvimento de novas tecnologias de passivação de interfaces para semicondutores e caracterização optoelectrónica de semicondutores complexos, ambos com o intuito de desenvolver células solares com alto desempenho e sustentáveis.
Qual a minha cor favorita e porquê? Claramente o preto. O preto é uma cor neutra, muito versátil que dificilmente nos compromete. O preto está tantas vezes presente que nem damos por ele. Domina, pelo menos, um terço das nossas 24 horas; os documentos importantes são sempre escritos a preto e é rara a imagem ou gráfico em que ele não esteja por lá. Se associo esta cor à ciência? O preto é a ausência de luz. Apesar de o meu trabalho passar pelo desenvolvimento de dispositivos que se alimentam de luz, muita da caracterização e validação das propriedades das células solares, são efetuadas na total ausência de luz. Ou seja, o preto, contrariamente àquilo que se possa pensar, é essencial no desenvolvimento da tecnologia optoelectrónica.
Qual o meu cientista favorito? Sinceramente há vários cientistas que poderia destacar, principalmente na área da física do estado sólido e semicondutores que têm trabalhos reconhecidos pela comunidade científica, sendo estes de tão grande valor que mesmo pessoas não ligadas à ciência rapidamente os reconhecem. Por isso, prefiro mencionar alguns menos conhecidos que se destacam na minha área de estudo que são aqueles que primeiramente recorro no sentido de fomentar o meu conhecimento, como o trabalho do Uwe Rau, que é com certeza aquele ao qual mais vezes recorro. Destaco também o trabalho do Alex Zunger e do David Cahen.
Qual é a minha invenção favorita da história e porquê? Eu não destacaria uma invenção, mas o reconhecimento e compreensão das propriedades semicondutoras dos materiais. Estes materiais e a compreensão das suas propriedades físicas permitiram o desenvolvimento de muita da tecnologia que hoje faz parte do nosso dia-a-dia e acredito que continuará a ter destaque naquela que ainda virá a ser desenvolvida no futuro. Os semicondutores são a base dos transístores dos nossos computadores e telemóveis, dos LEDs e, claro, das células solares.
Como definir os termos de Nanotecnologia e Nanociência de um modo simples? Quando falamos em nano, falamos em pequeno, em muito pequeno mesmo. O nanómetro corresponde à unidade de medida que representa o metro dividido por um bilião. A esta escala muitas propriedades físicas, químicas, e mesmo biológicas, podem ser completamente diferentes daquelas que os nossos olhos conhecem. A Nanociência dedica-se ao estudo dessas propriedades, bem como tira partido delas no sentido de desenvolver potenciais aplicações com propriedades inalcançáveis se considerássemos uma outra escala métrica, sendo que estas novas aplicações tecnológicas denominamos por “Nanotecnologia”.
Imaginar a ciência e a tecnologia em 10 anos. Na minha opinião, 10 anos não é um período significativo na ciência ou tecnologia, podendo, no entanto, sim, ter um impacto significativo no desenvolvimento de tópicos emergentes. Qual poderá ser a grande invenção da próxima década? Acho que, devido à situação pandémica atual, que testou a capacidade dos sistemas de saúde, muitos dos recursos económicos destinados à ciência irão ser canalizados para a área da saúde. Por isso, penso que a grande invenção da próxima década juntará a área da saúde ao desenvolvimento de dispositivos de alta eficiência, como, por exemplo, sensores. Sinceramente acho que veremos um grande progresso na área diagnóstico não-invasivo e instantâneo. Penso que nos próximos anos teremos uma grande variedade deste tipo de testes, altamente direcionados, com grande fiabilidade e, claro, de baixo custo para o consumo da população em geral.
Quais são as principais razões para um jovem se tornar cientista? A curiosidade e a fomentação do conhecimento adquirido durante o percurso académico, são duas razões que muitas vezes movem as pessoas no início das suas carreiras científicas. Pelo menos, no meu caso, foram aquelas que falaram mais alto.
Obrigada por me ouvirem. Até uma próxima.
Hello, my name is Jennifer Passos Teixeira, and since June last year, I am a researcher at INL in the Nanofabrication for Optoelectronic Applications group, NOA. My work focuses on the development of new passivation technologies for semiconductors interfaces and optoelectronic characterization of complex semiconductors, both to develop solar cells with high performance and sustainable.
What is my favourite colour and why? Clearly black. Black is a neutral, very versatile colour that hardly compromises us and is so often present that we do not even notice it. Black dominates at least one-third of our 24 hours, and important documents are always written in this colour. Also, the image or graphic not written in black is rare. Do I associate this colour with science? Black is the absence of light. Although my work goes through the development of devices that feed on light, much of the characterization and validation of the properties of solar cells is carried out in the total absence of light. Contrary to what one might think, this means that black is essential in the development of optoelectronic technology.
Who is my favourite scientist? Honestly, there are several scientists that I could highlight, mainly in solid-state physics and semiconductors with investigations recognized by the scientific community, those with great value that even people not connected to science quickly recognize them. Therefore, I prefer to mention the lesser-known ones that stand out in my area of study those who I first use to foment my knowledge, such as the work of Uwe Rau, which is certainly the one I most often use. I also highlight the work of Alex Zunger and David Cahen.
What is my favourite invention in history, and why? I would not highlight an invention, but the recognition and understanding of the semiconductor properties of materials. These materials and the understanding of their physical properties allowed the development of much of the technology that is now part of our daily lives, and I believe that it will continue to have prominence in the one that will still be developed in the future. Semiconductors are the basis of the transistors in our computers and mobile phones, LEDs and, of course, solar cells.
How would I define the terms of Nanotechnology and Nanoscience easily? When we speak about nano, we are referring to something very, very small. The nanometre corresponds to the unit of measurement that represents the meter divided by one billion. At this scale, many physical, chemical, and even biological properties can be completely different from what our eyes know. Nanoscience devotes itself to the study of these properties, as well as take advantage of them to develop potential applications with unattainable properties if we consider another metric scale, and these new technological applications are called “Nanotechnology”.
Imagine science and technology in 10 years. In my opinion, a decade is not a significant period in science or technology but may have a notable impact on the development of emerging topics. What could be the great invention of the next decade? I think that due to the current pandemic situation, which has tested the capacity of health systems, many of the economic resources designated to science will be sent into the health area. Therefore, I think that the great invention of the next decade will combine health with the development of high-efficiency devices, such as sensor. Honestly, I believe that we will see great progress in the field of non-invasive and instantaneous diagnostics. I think that in the following years we will have a wide variety of this type of tests, highly targeted, with great authenticity and, of course, at a lower cost for the consumption of the general population.
What are the main reasons for a young person to become a scientist? Curiosity and the promotion of the knowledge acquired during the academic course, are two reasons that often move people at the beginning of their scientific careers. At least, in my case, they were the ones that spoke louder.
Thank you for listening to me. See you.
Hola, me llamo Jennifer Passos Teixeira y desde junio del año pasado soy investigadora en el INL en el grupo de Nanofabricación para aplicaciones optoelectrónicas, NOA. Mi trabajo se centra en el desarrollo de nuevas tecnologías de pasivación de interfaces para semiconductores y la caracterización optoelectrónica de semiconductores complejos, ambos con el objetivo de desarrollar células solares de alto rendimiento y sostenibles.
¿Cuál es mi color favorito y por qué? Claramente el negro. El negro es un color neutral, muy versátil que difícilmente nos compromete. El negro está a menudo tan presente que ni siquiera lo notamos. Domina al menos un tercio de nuestras 24 horas; los documentos importantes siempre se escriben en negro y rara es la imagen o el gráfico que no estén escritos en negro. ¿Asocio este color a la ciencia? El negro es la ausencia de luz. A pesar de que mi trabajo consiste en desarrollar dispositivos que se alimentan de la luz, gran parte de la caracterización y validación de las propiedades de las células solares se realizan en ausencia total de luz. Es decir, el negro, contrariamente a lo que la gente cree, es esencial para el desarrollo de la tecnología optoelectrónica.
¿Cuál es mi científico favorito? Sinceramente, hay varios científicos que podría destacar, sobre todo en el ámbito de la física del estado sólido y de los semiconductores, que tienen trabajos reconocidos por la comunidad científica, y son de tan gran valor que incluso personas no relacionadas con la ciencia los reconocen rápidamente. Por lo tanto, prefiero mencionar algunos menos conocidos que sobresalen en mi campo de estudio que son a los que primero busco para fomentar mi conocimiento, como el trabajo de Uwe Rau, que es seguramente el que más veces busco. A mí también me gusta el trabajo de Alex Zunger y David Cahen.
¿Cuál es mi invento favorito de la historia y por qué? Yo no destacaría una invención, sino el reconocimiento y comprensión de las propiedades semiconductores de los materiales. Estos materiales y la comprensión de sus propiedades físicas han permitido el desarrollo de gran parte de la tecnología que hoy forma parte de nuestro día a día y creo que seguirá destacando en la que se desarrollará en el futuro. Los semiconductores son la base de los transistores de nuestros ordenadores y teléfonos móviles, de los LEDs y, por supuesto, de las células solares.
¿Cómo puedo definir los términos de Nanotecnología y Nanociencia de una manera sencilla? Cuando hablamos de nano, hablamos de algo pequeño, de hecho, muy pequeño. El nanómetro corresponde a la unidad de medida que representa el metro dividido por mil millones. A esta escala, muchas propiedades físicas, químicas e incluso biológicas pueden ser completamente diferentes de las que nuestros ojos conocen. La Nanociencia se dedica al estudio de estas propiedades y se aprovecha de ellas para desarrollar aplicaciones potenciales con propiedades inalcanzables si se considera otra escala métrica, y estas nuevas aplicaciones tecnológicas se denominan “Nanotecnología”.
Imaginar la ciencia y la tecnología en 10 años. En mi opinión, diez años no es un período significativo en la ciencia o la tecnología, pero puede tener, sí, un impacto significativo en el desarrollo de temas emergentes. ¿Cuál podría ser la gran invención de la próxima década? Creo que, debido a la situación de pandemia actual, que ha probado la capacidad de los sistemas sanitarios, muchos de los recursos económicos destinados a la ciencia se destinarán al ámbito de la salud. Por lo tanto, creo que la gran invención de la próxima década unirá el ámbito de la salud con el desarrollo de dispositivos de alta eficiencia, como, por ejemplo, sensores. Sinceramente, creo que veremos un gran progreso en el área de diagnóstico no invasivo e instantáneo. Creo que en los próximos años tendremos una gran variedad de este tipo de pruebas, altamente enfocadas, con gran fiabilidad y, por supuesto, de bajo coste para el consumo de la población en general.
¿Cuáles son las razones principales para que un joven se convierta en científico? La curiosidad y el estímulo de los conocimientos adquiridos durante la trayectoria académica son dos razones que a menudo mueven a las personas al principio de su carrera científica. Al menos, en mi caso, fueron las que se hicieron cargo.
Gracias por escucharme. Hasta la próxima.