Matéria Impressa, Matéria Nómada pretende mostrar trabalhos em formatos como o livro e o postal, os quais encontram na mobilidade e na mutabilidade características centrais. Obras através das quais muitas artistas exercitaram um confronto mais ou menos explícito ou propõem uma revisão de certas narrativas totalizantes, tais como o papel das mulheres na sociedade, o capitalismo, a escravatura, o colonialismo, etc., que foram sustentadas e simultaneamente sustentaram os regimes repressivos e ditatoriais que vigoraram em Portugal e no Brasil. Uma exposição organizada no âmbito do projecto de investigação WOMANART – Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e dos Países Africanos de Língua Portuguesa, financiado pela FCT e a ser desenvolvido no Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho.
É com imensa satisfação que divulgamos o programa da Conferência Internacional WOMANART – Mulheres, artes e ditadura. Portugal, Brasil e países africanos de língua portuguesa, a decorrer em regime misto (presencial e online) nos dias 18 e 19 de novembro de 2021.
A conferência internacional WOMANART surge no âmbito do projeto WOMANART – Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e países africanos de língua portuguesa (PTDC/ART-OUT/28051/2017). Concebida a partir de uma perspetiva multidisciplinar, esta conferência tem por objectivo dar visibilidade à presença de mulheres artistas do século XX em Portugal, Brasil e países Africanos de língua portuguesa, enquanto criadoras nos cânones literários e artísticos. Ancorada numa matriz de língua portuguesa e no questionamento do impacto da criação artística feminina em contextos ditatoriais, propomo-nos questionar a história das histórias da arte e da literatura, revelando os seus silêncios/invisibilidades e margens, com o fim de contribuir para uma reconfiguração do cânone, face a estudos de caso contrastivos ou complementares. Refletiremos sobre o modo como a ideologia dominante marcou as práticas artísticas no feminino e as formas de resistência/resilência engendradas.
São aceites propostas nos campos da literatura, artes visuais, cinema, documentário, teatro e performance, focando, entre outras, as seguintes problemáticas:
Que características enquadram o trabalho das mulheres artistas enquanto reação a uma ideologia autoritária dominante, quer como um sistema simbólico que reflete uma dada situação histórica de dominação, quer como uma estrutura de valores que configura uma determinada realidade?
Como funcionam estas práticas artísticas enquanto formas instrumentais de denúncia de um sistema opressivo que foi imposto ao longo de várias décadas?
Quais as estratégias usadas pela arte e literatura no sentido da representação da repressão política da ditadura, da guerra colonial e consequente silenciamento histórico?
Como foram abordadas/manipuladas/camufladas as questões de política de género e de feminismo?
Como é que as atuais gerações de mulheres artistas revisitam este momento histórico particular através da sua arte? E de que forma revisitam este passado histórico face a desafios atuais (emigração, exílio, diáspora, …)?
Este curso breve é uma das atividades de difusão de conhecimento promovidas pelo projeto de investigação WOMANART (PTDC/ART – OUT/28051/2017). Pretende-se explorar a forma como críticos e artistas comentam/ interpretam as memórias da ditadura portuguesa e brasileira enquanto referências coletivas que se refletem nos atuais debates sociais e culturais. No caso português, a memória da ditadura é indissociável do processo de descolonização, sendo que a ditadura portuguesa foi/é particularmente exposta quando encarada a partir de África. Hoje em dia, a análise das memórias coletivas relativas a este período, tal como foram “textualizadas” em narrativas diversas, consistem num poderoso meio para repensar desafios atuais face a temas como globalização, migrações, comunidades minoritárias, identidade cultural, memória coletiva e eurocentrismo. Este curso breve convida as/os formandos a refletir sobre um conjunto de obras, textos e filmes selecionados, a fim de produzirem a sua própria intervenção crítica sobre os temas abordados. No final do curso, os formandos deverão produzir um breve texto (escrito, visual ou audiovisual) refletindo sobre um dos temas lecionados.
Contactos para informações: laisnatalino@ilch.uminho.pt
Prazo de inscrição: 10 a 23 de janeiro de 2021
Taxa de inscrição: 20 euros
O pagamento deverá ser feito por depósito ou transferência bancária para a conta:
Nome UNIVERSIDADE MINHO
Conta 0171167322630 – EUR – Conta Extracto
NIB 0035 0171 00167322630 15
IBAN PT50 0035 0171 00167322630 15
BIC SWIFT CGDIPTPL
A inscrição só será considerada efetiva após a realização do pagamento. O comprovativo do pagamento deverá ser enviado à organização do curso para o e-mail laisnatalino@ilch.uminho.pt, acompanhado do nome, NIF e morada que deverão constar no recibo.
Os estudantes de pós-gradução do ILCH estão isentos do pagamento de inscrição no Curso Breve
Este curso de formação está acreditado e terá a duração de 32 horas (16 horas letivas e 16 horas de trabalho autónomo). Cada módulo tem a duração de 2 horas.
PROGRAMA E DESCRIÇÃO DOS MÓDULOS:
Formador: Ana Gabriela Macedo (1 módulo)
Título:Re-Visões da História: Adriana Varejão e Paula Rego, tensões e cumplicidades de um‘encontro colonial’
O objectivo desta sessão é estabelecer um diálogo entre a obra da artista brasileira Adriana Varejão e a artista portuguesa residente em Londres, Paula Rego, à luz do ‘encontro colonial’ de duas poéticas visuais que se cruzam e se interrogam mutuamente, expondo e confrontando a sua re-visão da História. Três eixos temáticos serão focados: 1- o fascínio de ambas por narrativas (literárias, históricas, míticas, antropológicas); 2- a exposição e denúncia da violência (social, política, de género); 3- o diálogo entre a estética barroca, o grotesco e a paródia como forma de denúncia quer do ‘trauma colonial’, quer da misoginia, do secretismo e da censura ideológica.
Formador: Márcia Oliveira (2 módulos)
Título:Imagem – documento – praxis: a arte como exercício de re-interpretação da história
Neste módulo pretende-se explorar os processos através dos quais diversas artistas contemporâneas promovem uma efectiva re-interpretação de narrativas históricas da ditadura, da guerra colonial e dos processos de colonização, questionando a sua aparente objetividade. Através de vários estudos de caso, vamos focar as práticas interseccionais desenvolvidas por diversas artistas que se movem entre os interstícios da materialidade do objeto artístico e da significação da imagem, das perspetivas e memórias coletiva e individual e das dimensões política e afetiva da arte. A reflexão proposta terá como ponto de partida a análise de obras das artistas Ana Vidigal, Filipa César, Rosana Paulino, Tatiana Macedo e Mónica de Miranda.
Formador: Joana Passos (2 módulos)
Título:Encontros e mal-entendidos: ver o mundo a partir da África pelos contos de autoras africanas
O objeto de estudo destes módulos será um conjunto de contos escritos por diversas autoras africanas de língua inglesa e portuguesa (Lília Momplé, Ama Ata Aido, Nadine Gordimer, Orlanda Amarílis e Leila Aboulela). Quando possível, será disponibilizada uma versão traduzida dos textos em língua inglesa. Os textos selecionados abordam questões como o racismo, a descolonização, as lutas políticas na clandestinidade, a vulnerabilidade dos imigrantes e os mal-entendidos gerados por diferentes referências culturais. Será apresentado aos formandos um breve enquadramento teórico para a receção destes textos a partir dos estudos pós-coloniais, fazendo a ponte entre a criação literária e debates da atualidade. Pretende-se com esta formação alargar as referências culturais dos formandos, refletir sobre memória histórica partilhada, desenvolver uma cidadania cosmopolita e também desenvolver a criatividade e a capacidade de interpretação. As aprendizagens propostas nestes módulos podem facilmente ser canalizadas para o ensino de nível secundário.
Formador: Margarida Pereira (2 módulos)
Título: Cinema, Mulheres e Memória Cultural: o Estado Novo
Nestes módulos abordaremos a questão da memória cultural através do cinema, com um enfoque sobre Portugal e o Estado Novo. Pretende-se trazer à discussão o modo como através de algum cinema documental contemporâneo se tem tentado resgatar a memória do período do Estado Novo, de diversos pontos de vista. Por outro lado, incidiremos a nossa abordagem sobre a questão das mulheres e o modo como estas se inserem neste processo de resgate da memória cultural do país, seja através do cinema por elas produzido, seja através da forma como os seus discursos são resgatados neste cinema documental, o qual muitas vezes aborda este período numa perspetiva de género. Assim, trabalhar-se-ão questões de memória cultural, através da leitura de textos sobre o assunto e a sua relação com o cinema e a literatura como mediadores de memória(s) (Assmann, 2010; Erll, 2010). Também tentaremos trazer ao debate questões de género e a forma como este impacta o acesso aos meios de produção cinematográficos. Naturalmente, analisaremos alguns excertos de filmes que nos permitam discutir estas questões. De entre estes filmes, destacamos: Brandos Costumes (1975, Alberto Seixas Santos); 48 (2009, Susana de Sousa Dias); Cartas a uma Ditadura (2006, Inês de Medeiros); Outro País (1998, Sérgio Tréfaut); O Meu Outro País (2014, Solveig Nordlund).
Formador: Laís Natalino (1 módulo )
Título: Realizadoras brasileiras e a ditadura no Brasil: reminiscências, retratos e relatos
Neste módulo pretende-se explorar filmes de realizadoras brasileiras de distintas gerações (Lúcia Murat, Maria Clara Escobar, Flávia Castro, Anita Leandro, Danielle Gaspar e Krishna Tavares) que abordam em suas obras questões relacionadas com a Ditadura no Brasil. Pretende-se, portanto, evidenciar questões de memória, identidade e trauma e sua intersecção com questões de género. Propõe-se, também, refletir sobre a posição da mulher no cinema na época em que os filmes foram produzidos e fazer um paralelo com o reflexo dessas narrativas na contemporaneidade.
Bibliografia geral:
Assmann, A. (2010). Canon and Archive. In A. Erll & A. Nünning (Eds.), A Companion to Cultural Memory Studies (pp. 97–107). Berlin/New York: De Gruyter.
Baptista, T. (2008). A Invenção do Cinema Português. Lisboa: Tinta da China.
Erll, A. (2010). Literature, Film, and the Mediality of Cultural Memory. In A. Erll & A. Nünning (Eds.), A Companion to Cultural Memory Studies (pp. 389–378). Berlin/ New York: De Gruyter.
Griselda Pollock (1988), Vision and Difference. Femininity, Feminism, and the Histories of Art. Routledge, London and New York (2003).
Macedo, A.G. (2002), Género, Identidade e Desejo, Antologia Crítica do Feminismo Contemporâneo, Lisboa: Cotovia.
Sanches, Manuela Ribeiro (2005), Deslocalizar a Europa, Lisboa: Cotovia.
16 de setembro de 2020 – Online (via Zoom e presencial)
Organização GAPS/CEHUM/UMINHO
Pretende-se com esta Masterclass, realizada no âmbito do projecto Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e Países Africanos de Língua Portuguesa (PTDC/ART-OUT/28051/2017), propor à reflexão e ao debate tópicos de natureza interdisciplinar abordando configurações, visões e memórias do pós-colonialismo na intersecção com questões de género, focando discursos críticos de resistência, narrativas de resiliência e de afirmação identitária. Trata-se de uma sessão dupla, manhã e tarde. A sessão conduzida pelo Professor Paulo de Medeiros (Universidade de Warwick, Inglaterra) terá como objectivo o estudo de casos concretos (uma peça de teatro, um romance, uma obra pictórica e um filme), colocando em diálogo a literatura, a pintura e o cinema (título e descrição abaixo).
Esta Masterclass incluirá uma oficina de escrita criativa sobre o tema da Igualdade de Género, focando contos de escritoras Lygia Bojunga (Brasil) e Alice Vieira (Portugal), conduzida pela investigadora Renata Flaiban Zanete (CEHUM/UMinho).
INSCRIÇÕES obrigatórias e limitadas (25 vagas) através do link:
https://forms.gle/AqNmGhjb2t2r1SFc7
PRAZO DE INSCRIÇÃO: 15 de Julho
Os/as inscritos/as receberão certificado de participação.
Masterclass Prof. Paulo de Medeiros (Universidade de Warwick, Inglaterra) |14h – 16h (via Zoom)
Do pertencer: Dentro, Fora, e ‘Diante da Lei’
Tendo por base a peça King John (William Shakespeare), o romance Eu vou, tu vais, ele vai (Jenny Erpenbeck, 2015), o filme Yvone Kane de Margarida Cardoso (2014) e uma obra pictórica de Paula Rego (St. Margaret) será feito um estudo de caso comparativo e intertextual subordinado ao tema da sessão.
Nota biográfica: Paulo de Medeiros é Professor catedrático de Literatura Comparada na Universidade de Warwick, Reino Unido. Integra o Warwick Research Collective, grupo dedicado a uma investigação materialista da literatura-mundial. De 1998 a 2013 foi Professor catedrático na Universidade de Utrecht, Holanda, tendo sido professor convidado em várias universidades em Portugal, Inglaterra, Brasil, e Estados Unidos. Em 2011-2012 foi Keeley Fellow no Wadham College, Oxford e é investigador associado do CES, Universidade de Coimbra. Tem publicado sobre teoria crítica, pós-colonialismo, fotografia e cinema. Em 2013 publicou Pessoa’s Geometry of the Abyss: Modernity and the Book of Disquiet e em 2015 O Silêncio das sereias. Ensaio sobre o Livro do Desassossego. Recentemente co-organizou A Companion to João Paulo Borges Coelho: Rewriting the (Post)Colonial Remains (2020).
Oficina de Escrita Criativa – 10h – 12h (via Zoom/presencial)
Renata Flaiban Zanete (CEHUM/UMinho)
Escrita criativa sobre Igualdade de Género a partir da fruição de excertos de obras literárias de Lygia Bojunga e Alice Vieira
Esta oficina irá debruçar-se sobre contos das autoras Lygia Bojunga, brasileira, e Alice Vieira, portuguesa, obras que ultrapassam uma segmentação estrita quanto ao público destinatário e encaminham-se à leitura tanto de adultos como do público jovem. Apreciaremos o protagonismo das personagens, principalmente meninas adolescentes questionadoras dos padrões vigentes, bem como certas reflexões teóricas que nos ajudem a pensar questões da igualdade/desigualdade. Os participantes serão convocados a escrever textos ficcionais a partir das questões e ideias com as quais foram confrontados. Entendemos tanto o fruir como o escrever como modos produtivos de nos aproximarmos destas problemáticas.
Nota biográfica: Renata Flaiban Zanete (doutoranda do Programa Doutoral em Modernidades Comparadas) coordenou oficinas de escrita criativa para professores em diferentes projetos de formação e, mais recentemente, Ressonâncias de Virginia Woolf em Lygia Bojunga e Alice Vieira, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC – São Paulo, em 02 de agosto de 2018 e Da notícia ao teatro, oficina de dramaturgia enfocando a questão da igualdade/desigualdade de género, para jovens secundaristas, no município de Espinho, em 27 de fevereiro de 2020. Renata Flaiban teve os contos Orlanda (Novos Talentos/FNAC) e O peixe morre pela boca (Concurso para a Igualdade de Género – câmaras de Odemira e Aljezur) premiados, em Portugal, em 2018. Recebeu o Prêmio Literário Manuel Laranjeira – município de Espinho, com o texto dramático Refúgio, em 2019.
Referências primárias:
BOJUNGA, L. (1989). A Bolsa Amarela. Porto: Edinter.
BOJUNGA, L. (1995). Angélica. (18ª ed.) Rio de Janeiro: Agir.
BOJUNGA, L. (1999). Os colegas. (42ª ed.) Rio de Janeiro: José Olympio.
BOJUNGA, L. (2002). A casa da madrinha. (18ª ed.) Rio de Janeiro: Agir.
VIEIRA, A. (2004). Rosa, minha irmã Rosa. (Edição comemorativa do 25.º aniversário da 1ª ed.) Lisboa: Caminho.
VIEIRA, A. (2008). Úrsula, a maior. Alfragide: Editorial Caminho.
VIEIRA, A. (2010). Meia hora para mudar a minha vida. Alfragide: Editorial Caminho.Abrir opções do blocoAbrir painel de publicação
No dia 5 de março de 2020 decorreu a segunda sessão do II Ciclo de Cinema WOMANART com a exibição do filme Tarrafal – Memórias do campo da morte lenta (2011), de Diana Andringa.
Contamos com a presença da realizadora que apresentou o filme e respondeu algumas questões colocadas pelo público.
A sessão foi conduzida pela investigadora do GAPS, Joana Passos.
REPERCUSSÕES E IMPACTO DAS DITADURAS SÃO DESTAQUE EM CICLO DE CINEMA EM BRAGA
De 27 de Fevereiro de 2020 a 16 de Abril vai decorrer em Braga, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, a segunda edição do Ciclo de Cinema WOMANART. Depois de uma primeira edição dedicada sobretudo ao contexto português, desta feita serão mostrados olhares de várias realizadoras sobre questões da ditadura, suas repercussões e impacto, nos contextos Brasileiro e dos Países Africanos de Língua Portuguesa.
Este ciclo de cinema vai contar com filmes da autoria de Margarida Cardoso, Diana Andringa, Luciana Fina, Lucia Murat e Danielle Gaspar / Krishna Tavares. Os filmes apresentados evidenciam questões de memória, identidade e trauma decorrentes da acção do Estado Novo e da Ditadura Militar no Brasil, bem como do colonialismo Português em África.
O poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim (jornalista do cinejornal Kuxa Kanema) é presença confirmada neste ciclo, onde vai comentar Kuxa Kanema (2003), de Margarida Cardoso (dia 27 de fevereiro).
De destacar ainda nesta programação, a presença da realizadora Diana Andringa e do escritor Luandino Vieira (dia 5 de março), que vão dialogar em torno do documentário Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011).
A realizadora Luciana Fina também estará presente no ciclo de cinema para apresentar Terceiro Andar, obra de 2016, em diálogo com Vítor Ribeiro (programador de cinema da Casa das Artes de Famalicão).
Contacto: Joana Passos (jfvpassos@gmail.com) e Laís Natalino (laisnatalino@ilch.uminho.pt)
SESSÕES:
27 de Fevereiro: Kuxa Kanema (2003), Margarida Cardoso, com a presença de Luís Carlos Patraquim, apresentado por Joana Passos e Margarida Pereira.
5 de março: Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa, com a presença da realizadora e do escritor Luandino Vieira.
12 de março: Terceiro Andar (2016), Luciana Fina, com a presença da realizadora e de Vítor Ribeiro (programador de Cinema da Casa das Artes de Famalicão).
2 de abril: Que bom te ver viva (1989), Lucia Murat, apresentado por Laís Natalino.
16 de abril: Atrás de Portas Fechadas (2014), Danielle Gaspar e Krishna Tavares com apresentação pelas realizadoras.
SINOPSES:
Kuxa Kanema (2003), Margarida Cardoso
Após a Independência de Moçambique em 1975, o novo presidente eleito, Samora Machel, criou como ação cultural o Instituto Nacional de Cinema (INC). Com unidades móveis, ele percorria as localidades do país para exibir o cinejornal Kuxa Kanema, nome com significado de “o nascimento do cinema”. O documentário reconstrói o trajeto vivido pelo INC, desde seu começo até sua decadência.
Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa
O documentário recolhe as memórias do português Edmundo Pedro, um dos dois únicos sobreviventes do primeiro período no Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. O local também era conhecido também como o “campo da morte lenta”, e foi criado pelo governo português durante o Estado Novo. Construído aos moldes dos campos nazistas, era usado para aprisionar e afastar da metrópole de Portugal todos os presos problemáticos, como os portugueses contrários ao regime do período e nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, que lutavam contra a colonização portuguesa.
Terceiro Andar (2016), Luciana Fina
Em que língua é que vamos contar as histórias que nos foram contadas? Em que língua escrever uma declaração de amor? Centro histórico de Lisboa, Bairro das Colónias, terceiro andar. Fatumata e Aissato, mãe e primogénita de uma numerosa família originária da Guiné-Bissau, discutem o amor e a felicidade. Pelas sete da tarde, do terceiro até ao meu quinto andar, ressoa pelo prédio um som regular, sempre igual, como o bater do coração. O som sobe escadas e patamares, atravessa paredes, portas e corredores, habita as casas, as cozinhas e as varandas interiores.
Que bom te ver viva (1989), Lucia Murat
Ex-presas políticas da ditadura militar brasileira analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e como sobreviveram a esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional, que é uma amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas mulheres.
Atrás de Portas Fechadas (2014), Danielle Gaspar e Krishna Tavares
Atrás de Portas Fechadas é uma investigação sobre fatores determinantes na construção das convicções politico-ideológicas de mulheres durante a Ditadura Militar no Brasil. Enquanto as mulheres das organizações de esquerda lutaram pela participação política e contra a repressão, as mulheres da elite brasileira deixaram seus lares apenas provisoriamente para defende-los da “ameaça comunista”. Esses eventos influenciaram o debate sobre o comportamento e a condição da mulher na sociedade brasileira.
Pretende-se com este Workshop, realizado no âmbito do projecto Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e Países Africanos de Língua Portuguesa, propor à reflexão e ao debate um conjunto de tópicos de natureza interdisciplinar em sessões de trabalho conduzidas por especialistas/artistas nas áreas em foco no projecto, nomeadamente a literatura, as artes visuais, a fotografia, o cinema, o documentário e a performance.
Em sintonia com o projecto, este Workshop tem como principal objectivo dar visibilidade à presença das mulheres enquanto criadoras nos cânones literários e artísticos e contribuir através de estudos de caso situados para uma releitura e reinterpretação dos cruzamentosentre a História e a história das artes, a questão da Censura, do Inter/dito e do Silêncio.
As/os especialistas convidados/as, que incluem artistas e performers, focarão o trabalho produzido por mulheres artistas de diferentes perfis, distintas gerações e diferentes geografias, que abordam na sua prática artística os regimes autoritários/ditadura, engendrando discursos críticos de resistência, narrativas de resiliência e de afirmação identitária.
Acção de formação acreditada.
PALESTRANTES CONVIDADOS/AS
Rui Miranda (Professor associado – Universidade de Nottingham, Reino Unido) – CV
Mariana Pinto dos Santos (investigadora – Instituto de História da Arte – FCSH-UNL) – CV