Entrevista Arlete Silva (por Maria Luísa Coelho)

Imagem de: Carlos Santos, Câmara Municipal de Oeiras

A vida de Arlete Silva está intimamente ligada à importância que ainda hoje a Galeria 111 ocupa no panorama artístico e cultural português. Isto não só porque é atualmente co-proprietária (juntamente com o filho, Rui Brito, e a filha, Inês Brito), desta galeria lisboeta, como também viúva do seu fundador, o livreiro, galerista e colecionador de arte Manuel de Brito, tendo-o acompanhado, desde o primeiro momento, nessa aventura que foi criar uma galeria dedicada à arte contemporânea nos idos anos 60 do século XX (a galeria foi fundada em 1964, no mesmo espaço em que Manuel de Brito tinha aberto a sua livraria, o número 111 no Campo Grande). A vida de Arlete Silva e da galeria que ajudou a criar estão assim marcadas pelas memórias desse período negro da existência portuguesa, bem como pelas diversas convulsões que o país sofreu nos últimos quarenta anos, desde a conquista da liberdade em Abril de 1974 até à mais recente recessão económica, passando pelo ‘boom’ proporcionado pela abertura ao mercado único europeu, nos finais da década de 80.

Centrando-se no início da atividade da Galeria 111, que, em clara contracorrente aos valores promovidos pelo regime ditatorial, procurou contrariar o marasmo e o academicismo dominantes na arte portuguesa, propiciar uma maior abertura e cosmopolitismo, pelo menos na capital, e ainda apoiar e promover uma nova geração de artistas portugueses, quer os que resistiam no país, quer os que procuravam, lá fora, novos horizontes, a entrevista que aqui se apresenta teve lugar num dia quente de verão (Julho de 2019), e nos escritórios da Galeria (que já nos anos 70 se tinha mudado do número 111 para o 113, na mesma rua, mas mantendo, ainda assim, a designação). Nela se explora também o papel que Arlete Silva e Manuel de Brito tiveram no apoio a uma série de artistas portuguesas, nomes bem conhecidos da arte contemporânea, como Paula Rego, Lourdes Castro e Menez.