Ciclo de seminários

O ciclo de seminários acoplado ao projeto WOMANART foi concebido como uma forma de convocar peritos nas áreas sob investigação, de forma a aprofundar, atualizar e aferir o conhecimento compilado e disseminado pela equipe de investigação reunida em torno deste projeto. Os seminários também são uma forma de divulgar o projeto, tanto a nível nacional como a nível internacional. Assim, ao longo dos 21 seminários já realizados foram convidados peritos de diversas universidades, sobretudo de Portugal, Brasil, EUA e Reino Unido. A equipe também procurou estender os convites a curadores, galeristas, escritores e artistas, privilegiando sempre a obra que nos foi legada por mulheres enquanto pensadoras ou criadoras de arte. Os temas dos seminários têm focado sobretudo as memórias filmadas, fotografadas ou escritas (em termos de ficção, drama e poesia) das ditaduras portuguesa e brasileira de meados do século XX, incluindo a vertente colonial da ditadura portuguesa. A própria história dos movimentos de mulheres durante este período também foi abordada por vários oradores, bem como as dificuldades de acesso a oportunidades e meios para as mulheres artistas.

Todos os seminários que foi possível filmar estão disponíveis online, no sítio do projeto. 

Seminário WOMANART #30 – Tradução e Interculturalidade

Dia 07 de maio as 11h decorreu o Seminário WOMANART #30 com o tema Tradução e Interculturalidade. Neste seminário contamos com a presença de Margarida Vale de Gato (Universidade de Lisboa), Raja Litwinoff (Falas Afrikanas/ Literaturas Afrikanas) e Apolo de Carvalho (Associação Afrolis/ Coletivo Dijdiu – A herança do ouvido)

Margarida Vale de Gato traduz, escreve, e é professora auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Traduziu Henri Michaux, Nathalie Sarraute, Yeats, Marianne Moore, Jack Kerouac, Sharon Olds, Louise Glück, entre outros. Doutorou-se em 2008 com uma tese sobre a receção de Edgar Allan Poe na lírica portuguesa da segunda metade do século XIX. Tem publicado ensaios dentro das suas áreas de especialidade como Translated Poe e Anthologizing Poe (co-organização com Emron Esplin, 2014 e 2020). Na sua obra literária, ontam-se os livros de poesia Lançamento (2016), a peça de teatro Desligar e Voltar a Ligar (com Rui Costa, 2011), e Mulher ao Mar (última edição, 2018).

Raja Litwinoff é autora em Literaturas Afrikanas , blog de divulgação de literatura de autoras e autores africanos, escritos em ou traduzidos para o português e do  Pimpim di Ddoli, blog de divulgação do contador de histórias caboverdiano Lalacho / Horácio Santos, construído com ele nos seus últimos anos de vida. É também responsável pelo Afrofanzine, projeto de edição artesanal de textos de autoras e autores africanos, muito conhecidos em certos meios e com poucas publicações em papel e do Falas Afrikanas , projeto editorial de traduções de obras de autores africanos para o português

Apolo de Carvalho é cabo-verdiano, doutorando do Programa Pós-Colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Bolseiro Fundação para a Ciência e Tecnologia(FCT). Mestre em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Mestre em Politique et Développement en Afrique e dans les Pays des Sud, pela Sciences Po Bordeaux. É licenciado em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Membro da Afrolis-Associação Cultural, é investigador no projeto AFROPORT e membro do Coletivo Dijdiu – A herança do ouvido.

Seminário WOMANART #29 – Pamila Gupta (University of Witwatersrand)

ABSTRAC: In this presentation, I provide an overview of my recent book, Portuguese Decolonization in the Indian Ocean World: History and Ethnography (Bloomsbury Academic 2019). My study of Portuguese decolonization is framed by five interconnected approaches. First, I approach the study of decolonization as simultaneously a historical event and an ethnographic moment, through different eyewitness accounts that access the experience of the transfer of state power. Second, I focus on the materiality of decolonization, one that involves the massive movement of people, ideas and things across vast oceanic and territorial spaces in a heightened manner and rapid time frame. My third area of research looks at the trauma of decolonization (both singly and doubly experienced for many), as something that has largely not been allowed to be articulated as a form of loss, especially for those minority communities caught between matrices of new and old power that I showcase in this book. Fourthly, this project of decolonization is one of writing post-national narratives that takes its cue from the analytic work and intertwined histories showcased in the book. My fifth (and last) area of intervention is to open up the kinds of source materials we use to access narratives of decolonization as different forms of seeing, thinking and writing about history. It is here that I juxtapose what I consider the visual, the lyrical and the visceral. As a way to illustrate these five distinct approaches to studying decolonization, I will showcase individual case studies drawn from specific body chapters.

Pamila Gupta is Professor at WiSER (Wits Institute for Social and Economic Research) at the University of Witwatersrand in Johannesburg, South Africa. She holds a PhD in Socio-cultural Anthropology from Columbia University. She has written on such varied topics as the monsoon; monuments, tiles and the colour blue for the Portuguese diaspora in South Africa; islandness in the Indian Ocean; tourism and heritage design in Goa; Goan fishermen and urban renovation in Mozambique; tailoring, photography and visual cultures in Zanzibar; and chick-lit and swimming pools in Johannesburg. She is the co-editor of Eyes Across the Water: Navigating the Indian Ocean with Isabel Hofmeyr and Michael Pearson (UNISA, 2010). Her first monograph entitled The Relic State: St. Francis Xavier and the Politics of Ritual in Portuguese India was published by Manchester University Press (2014) and her second monograph entitled Portuguese Decolonization in the Indian Ocean World: History and Ethnography was recently published with Bloomsbury Academic Press (2019).

Seminário WOMANART #28 – Tauana Olívia Gomes Silva (Université Rennes 2/ Universidade Federal de Santa Catarina)

Dia 26 de fevereiro, às 14:30h, decorreu online, via zoom, o Seminário WOMANART #28, com a presença da Dra. Tauana Olívia Gomes Silva (Université Rennes 2) com a sessão:  

Mulheres negras na resistência à ditadura no Brasil (1964-1985)

O presente trabalho tem como objetivo analisar a trajetória política de nove mulheres negras engajadas na luta contra à ditadura no Brasil (1964-1985). Essas mulheres participaram – enquanto simpatizantes, militantes e/ou líderes – dos movimentos estudantis, espaços amplamente influenciados pelas ideologias de esquerda e que, nas décadas de 1960-1970, se transformaram em importantes focos de resistência ao regime autoritário. Algumas delas se engajaram na luta armada, mas, em razão das perseguições instauradas pelos militares, foram assassinadas, enquanto outras se exilaram na Europa e na África, continente este marcado pelas guerras de independência. Essas mulheres vivenciaram, de maneira direta ou indireta, as experiências da clandestinidade, da prisão e das torturas. Além disso, elas atuaram nos movimentos feministas e negros e, nos anos 1980, integraram os emergentes Movimentos de Mulheres Negras.

Palavras chaves: mulheres negras, movimentos de esquerda, ditadura.

Tauana é graduada em História pela Universidade Vale do Rio Doce- Univale (2005) e graduada em História pela Université Rennes 2 (2008). Mestre em História Relações Internacionais pela Université Rennes 2 em convenção bilateral com a Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Doutora em História pela Université Rennes 2 em cotutela internacional com a Universidade Federal de Santa Catarina (2019). Atua principalmente nos seguintes temas: História das Mulheres Negras, Feminismo Negro, Relações de Gênero e Raciais, Movimentos Sociais, Memórias, Autoritarismo, Relações Internacionais, Brasil e França.

Seminário WOMANART #27 – Alexandra Reza (Oxford University)

Dia 04 de dezembro de 2020, às 16h, decorrereu online, via zoom, o Seminário WOMANART #27, com a presença da Dra. Alexandra Reza (Oxford University) com a sessão:

‘Where are the women?’ Gender, work and anti-colonial writing
I’m going to talk about my ongoing research into two journals, Présence Africaine, published in Paris from 1947, and Mensagem, published in Lisbon between 1948 and 1964. These journals offer a highly suggestive archive from which to bring forward women in (literary) anti-colonial histories. They render women partially-visible and draw attention to the divisions of labour that go into the production of literary work. In the context of the paucity of women authors at both journals in the 1950s and 1960s, I will discuss questions of historiography, archiving and the (non-representative) significance of existing women’s literary writing.

Seminário WOMANART #26 – Paul Mello e Castro (University of Glasgow)

Escrevendo depois do Estado Novo nos anos 60: o caso goês de Maria Elsa da Rocha

Maria Elsa da Rocha (1924-2005) foi uma das mais prolíficas escritoras de ficção em língua portuguesa depois do fim do regime português em Goa em 1961, tendo escrito uma vintena de contos (alguns publicados no jornal A Vida [que continuou em português até 1967], outros reunidos numa coletânea chamada Vivências Partilhadas [que viria à luz em 2002], e ainda outros permanecendo inéditos até hoje). Os escritores goeses da sua geração tinham uma particularidade em relação a seus congéneres em Portugal e nas demais colónias: poderem escrever sobre o Estado Novo depois do Estado Novo enquanto o regime ainda existia. Aqui analisarei uma pequena amostra de seus contos que tematizam de alguma forma os últimos anos do regime ditatorial em Goa, argumentando que Rocha revê esse passado para comentar sobre a atualidade pós-Estado Novo da sua terra.

Seminário WOMANART #25 – Ana Veiga (Universidade Federal da Paraíba)

Ana Maria Veiga é doutora em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, com estágio doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris. É professora do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba. Tem pós-doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela UFSC. Suas áreas de interesse são teoria da história, história visual, história digital, estudos pós/decoloniais, gênero, interseccionalidades, sertões. É editora da revista Saeculum e editora de divulgação da revista Estudos Feministas (REF). Possui experiência em roteiro e produção audiovisual. É lider do Grupo de Pesquisa ProjetAH – História das mulheres, gênero, imagens, sertões.

Seminário WOMANART #24 – Conversa com o escritor Mário Lúcio Sousa

Cantor, compositor, escritor, pensador cabo-verdiano.  Mário Lúcio é uma das figuras mais reconhecidas da cena cultural e musical cabo-verdiana, tanto local como internacionalmente. É o escritor mais premiado do país internacionalmente, o poeta que marca a viragem na nova poesia cabo-verdiana com o livro “Nascimento de Um Mundo”, um dos mais conceituados pensadores da sua geração, o autor do “Manifesto a Crioulização”, a obra mais atual sobre o fenómeno da Crioulização no mundo, de que é um pensador expoente, o Ministro da Cultura que lançou a nova epistemologia sobre a Cultura, com a obra “Meu Verbo Cultura”. Reconhecido pela sua produção literária e artística, entre outras, pela autoria de uma importante obra sobre o campo de prisioneiros do Tarrafal, “O Diabo foi meu padeiro” (2019) e “A Biografia do Língua” (2015). Ambas as obras incidem sobre a guerra colonial e a contestação da Ditadura, foco privilegiado do projeto WOMANART.

Seminário WOMANART #23 – Joana Tomé

Do dissidente feminino na Gravura: fulcral ferramenta de resistência anti-fascista, durante Estado Novo, a partir da obra de Alice Jorge

A partir da obra gravada de Alice Jorge (1924-2008) se propõe esboçar os traços de uma tradição artística feminina de resistência à violenta ditadura fascista do Estado Novo, inferindo coordenadas essenciais da conjuntura sociopolítica da época e da incomensurável subversão proposta pela gravura. A técnica da gravura, de especificidades técnicas e conceptuais, permite uma nascente linguagem plástica que admitia, enfim, a representação de uma subjectividade feminina – e, em particular, da mulher trabalhadora.

Breve cv: Investigadora, ensaísta e ilustradora. Licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2007-2010). Mestrado em Ciências da Arte e do Património, no domínio científico de Teoria da Arte, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2010-2012). 20 valores, qualificação de Excelente. Doutoramento em Belas-Artes, vertente Ciências da Arte, pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

Seminário WOMANART #22 – 22/09 – Phillip Rothwell (Univ. Oxford)

Dia 22 de setembro de 2020, decorreu, online via zoom, o  Seminário WOMANART #22, com o Professor Phillip Rothwell (Univ. Oxford) e a apresentação: A Mãe Negra torna-se Mãe Transnacional: A Evolução da Maternidade na Literatura Angolana de Alda Lara a Djina.

Breve nota biográfica: Phillip specializes in the literatures and cultures of Portugal and Lusophone Africa. He favours psychoanalytic theory as a tool to furthering our understanding of Portuguese culture and its imperial aftermaths. An authority on the Mozambican writer Mia Couto and the Angolan author Pepetela, his current research focuses on disavowal as a structuring discourse in Portuguese colonialism. Phillip lectures on Lusophone African and Portuguese authors with a particular focus on the twentiteth and twenty-first centuries. He leads undergraduate seminars on Angolan and Mozambican culture. He aso regularly teaches translation classes. At the graduate level, he oversees the Portuguese methodology seminar, the Portuguese Research Seminar and co-teaches modules of the Women’s Studies MSt with Professor Claudia Pazos Alonso.

Veja a gravação do seminário aqui: