Spot RUM – Rádio Universitária do Minho
REPERCUSSÕES E IMPACTO DAS DITADURAS SÃO DESTAQUE EM CICLO DE CINEMA EM BRAGA
De 27 de Fevereiro de 2020 a 16 de Abril vai decorrer em Braga, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, a segunda edição do Ciclo de Cinema WOMANART. Depois de uma primeira edição dedicada sobretudo ao contexto português, desta feita serão mostrados olhares de várias realizadoras sobre questões da ditadura, suas repercussões e impacto, nos contextos Brasileiro e dos Países Africanos de Língua Portuguesa.
Este ciclo de cinema vai contar com filmes da autoria de Margarida Cardoso, Diana Andringa, Luciana Fina, Lucia Murat e Danielle Gaspar / Krishna Tavares. Os filmes apresentados evidenciam questões de memória, identidade e trauma decorrentes da acção do Estado Novo e da Ditadura Militar no Brasil, bem como do colonialismo Português em África.
O poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim (jornalista do cinejornal Kuxa Kanema) é presença confirmada neste ciclo, onde vai comentar Kuxa Kanema (2003), de Margarida Cardoso (dia 27 de fevereiro).
De destacar ainda nesta programação, a presença da realizadora Diana Andringa e do escritor Luandino Vieira (dia 5 de março), que vão dialogar em torno do documentário Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011).
A realizadora Luciana Fina também estará presente no ciclo de cinema para apresentar Terceiro Andar, obra de 2016, em diálogo com Vítor Ribeiro (programador de cinema da Casa das Artes de Famalicão).
O Ciclo de Cinema WOMANART é uma organização Grupo de Investigação em Artes, Género e Estudos Pós-Coloniais (CEHUM) no âmbito do projecto de investigação Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e Países Africanos de Língua Portuguesa (financiado pela Fundação para a Ciência e tecnologia, PTDC/ART-OUT/28051/2017).
Local: Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga
Sessões às 21h
Contacto: Joana Passos (jfvpassos@gmail.com) e Laís Natalino (laisnatalino@ilch.uminho.pt)
SESSÕES:
27 de Fevereiro: Kuxa Kanema (2003), Margarida Cardoso, com a presença de Luís Carlos Patraquim, apresentado por Joana Passos e Margarida Pereira.
5 de março: Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa, com a presença da realizadora e do escritor Luandino Vieira.
12 de março: Terceiro Andar (2016), Luciana Fina, com a presença da realizadora e de Vítor Ribeiro (programador de Cinema da Casa das Artes de Famalicão).
2 de abril: Que bom te ver viva (1989), Lucia Murat, apresentado por Laís Natalino.
16 de abril: Atrás de Portas Fechadas (2014), Danielle Gaspar e Krishna Tavares com apresentação pelas realizadoras.
SINOPSES:
Kuxa Kanema (2003), Margarida Cardoso
Após a Independência de Moçambique em 1975, o novo presidente eleito, Samora Machel, criou como ação cultural o Instituto Nacional de Cinema (INC). Com unidades móveis, ele percorria as localidades do país para exibir o cinejornal Kuxa Kanema, nome com significado de “o nascimento do cinema”. O documentário reconstrói o trajeto vivido pelo INC, desde seu começo até sua decadência.
Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta (2011), Diana Andringa
O documentário recolhe as memórias do português Edmundo Pedro, um dos dois únicos sobreviventes do primeiro período no Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. O local também era conhecido também como o “campo da morte lenta”, e foi criado pelo governo português durante o Estado Novo. Construído aos moldes dos campos nazistas, era usado para aprisionar e afastar da metrópole de Portugal todos os presos problemáticos, como os portugueses contrários ao regime do período e nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, que lutavam contra a colonização portuguesa.
Terceiro Andar (2016), Luciana Fina
Em que língua é que vamos contar as histórias que nos foram contadas? Em que língua escrever uma declaração de amor? Centro histórico de Lisboa, Bairro das Colónias, terceiro andar. Fatumata e Aissato, mãe e primogénita de uma numerosa família originária da Guiné-Bissau, discutem o amor e a felicidade. Pelas sete da tarde, do terceiro até ao meu quinto andar, ressoa pelo prédio um som regular, sempre igual, como o bater do coração. O som sobe escadas e patamares, atravessa paredes, portas e corredores, habita as casas, as cozinhas e as varandas interiores.
Que bom te ver viva (1989), Lucia Murat
Ex-presas políticas da ditadura militar brasileira analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e como sobreviveram a esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional, que é uma amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas mulheres.
Atrás de Portas Fechadas (2014), Danielle Gaspar e Krishna Tavares
Atrás de Portas Fechadas é uma investigação sobre fatores determinantes na construção das convicções politico-ideológicas de mulheres durante a Ditadura Militar no Brasil. Enquanto as mulheres das organizações de esquerda lutaram pela participação política e contra a repressão, as mulheres da elite brasileira deixaram seus lares apenas provisoriamente para defende-los da “ameaça comunista”. Esses eventos influenciaram o debate sobre o comportamento e a condição da mulher na sociedade brasileira.