Conferência Internacional Fazendo o Género 12

No dia 29 de julho de 2021, a coordenadora do projeto WOMANART, Ana Gabriela Macedo, participou ao lado das investigadoras Margarida Esteves Pereira, Márcia Oliveira, Joana Passos e Laís Gonçalves Natalino, da mesa-redonda Mulheres, Artes e Ditadura: memórias, (re)visões, resiliência na Conferência Internacional Fazendo o Género 12 – Lugares de fala: direitos, diversidades e afetos (UFSC, Florianópolis, 2021).

O evento decorreu de 19 a 30 de julho de 2021 em formato on-line e reuniu pesquisadoras, estudantes, ativistas, artistas, professoras e interessadas nas questões que envolvem o gênero, as mulheres, feminismos e sexualidades. A conceção geral do evento coloca-se no debate atual dos feminismos e das visibilidades de minorias, reconhecendo a importância das vozes que falam por si e por um comum compartilhado, reivindicando direitos, quando e sempre que o contexto e a força das mediações as ameaçar de silenciamento.

A mesa-redonda Mulheres, Artes e Ditadura: memórias, (re)visões, resiliência explorou a forma como escritoras, críticas e artistas comentam/ interpretam as memórias da ditadura portuguesa e brasileira enquanto referências coletivas que se refletem nos atuais debates sociais e culturais. No caso português, a memória da ditadura é indissociável do processo de descolonização, sendo que a ditadura portuguesa foi/é particularmente exposta quando encarada a partir de África. Hoje em dia, a análise das memórias coletivas relativas a este período, tal como foram textualizadas em narrativas diversas consistem num poderoso meio para repensar desafios atuais face a temas como globalização, migrações, comunidades minoritárias, identidade cultural, memória coletiva e eurocentrismo. Através da análise de diversos estudos de caso das áreas da literatura, das artes visuais e do cinema, serão abordadas temáticas específicas que informam o actual momento de re-visões e re-interpretações da História de uma perspectiva pós-colonial e dialógica, nomeadamente a partir da obra de artistas como Paula Rego, Adriana Varejão, Rosana Paulino, Ana Vidigal. Temas como o racismo, a descolonização, as lutas políticas na clandestinidade, a vulnerabilidade dos imigrantes e os mal-entendidos gerados por diferentes referências culturais foram abordados criticamente privilegiando a obra literária de autoras africanas de língua portuguesa: Lília Momplé (Moçambique), Orlanda Amarílis (Cabo Verde), Conceição Lima (S. Tomé e Príncipe), Isabela Figueiredo (Portugal). Por fim, nesta mesa redonda fez ainda uma incursão pelo universo cinematográfico e pela questão da memória cultural, com um enfoque sobre Portugal e o Estado Novo, a partir de trabalhos de realizadoras como Susana de Sousa Dias, Inês de Medeiros, Margarida Cardoso e Solveig Nordlund. Esta mesa redonda insere-se nas atividades projeto de investigação WOMANART. Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e países africanos de língua portuguesa (PTDC/ART OUT/28051/2017), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a ser desenvolvido no Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (Portugal).

Assista à gravação da mesa-redonda aqui: